No tarô, a carta do tolo reflete alguém que, sem posse
de um “eu” que a possibilite ter um ponto-de-vista próprio, inicia jornadas sem
propósitos pessoais e nem destino. Ela dá a largada em caminhos arriscados sem enxergar
as próprias limitações. Sem aterramento, tem a mente só nas nuvens.
Muitas pessoas são assim: sem conhecerem as próprias
necessidades e ter um centro pessoal que as ligue o mundo externo, se fiam em
um esboço raso de um ideal emprestado, e se enfiam em uma grande missão. Sem traquejo
e sentido pessoal, sobem na primeira condução passando, descem quando os outros
descem e caem, inebriadas, no precipício.
Mesmo após tantos precipícios, quem lhes ousaria
informar que tudo aquilo é um mal entendido? Quem teria a coragem de questionar
tão nobres ideais? Afinal, quem ainda não aterrou, se apresenta com o cartão de
visita de uma espiritualidade ilusória: um guia, uma força cósmica, um guru
certeiro, uma fé específica. Contra certas ilusões, muitos argumentos fracassam.
Aliás, é preciso desenvolver um grau considerável de confiança antes de ser
capaz de ajudar alguém a discernir o que é ilusão daquilo que é a ação da boa
mão cósmica.
Um bom psicoterapeuta busca integrar a espiritualidade
com a pessoalidade do paciente. Trabalho árduo mas muito recompensador, porque
resulta em alguém que, aterrado no mundo, é capaz de percorre-lo criativamente
com a cabeça nas alturas.
-x-o-x-
In the Tarot, the card of the Fool shows someone who, without one "self" that enables him to have his own viewpoint, he commences journeys with no destination or personal purpose. This person wanders by risky ways not being able to see his own limitations. Without grounding, he keeps his mind only in the clouds.
Many people are like this: not being able to recognize their own needs and having one personal center to connect with the external world, they count only with a quick draft of any borrowed ideal and get themselves into what they think it is a great mission. Without flexibility and personal meaning, they get on the first passing vehicle and get off from it after seeing the others doing it and then fall, dizzily, from a cliff.
Even after so many cliffs, who dares to tell them that all that is a misunderstanding? Who would have the courage to question such noble ideals? All in all, the one who did not land introduces himself with a business card of a delusional spirituality: one guide, a cosmic energy, one skilled guru, one specific faith. Against such delusions, most of the arguments fail. Besides, it is necessary to grow one considerable level of trust before being able to help someone to discern what is illusion from the good cosmic hands.
One good psychotherapist seeks to integrate spirituality with the personality of the patient. Such hard work is very rewarding because it results in someone that, still being grounded in the world, to be able to creatively explore it with the head in the heights.